terça-feira, 24 de julho de 2012

Aquelas coisas


Hoje está frio, não tenho lareira.
Pensei em construir no inverno passado, mas fui construir uma cama.
Hoje está frio mesmo.
O tempo não passa, pensei no verão, calor, água.
Lembrei do tempo que combinamos em fazer tudo.
Combinamos no caos da vida, ser um só. 
Hoje está frio, somos um só, nos aquecemos.
Sabe, pensei em um bolo de chocolate. Eu gosto de chocolate.
No frio é bom chocolate. 
Estou criando coisas, com bordados e penduricalhos brilhantes.
Brilhantes para as noites frias. Destaca da neve. 
Neve branca e fria. Aqui não há neve. Mas está muito frio.
Vamos acordar cedo e plantar rosas.
Rosas morrem no frio? Cactos morrem. Mas, e as rosas?
Hoje está frio. Veste seu casaco de pele que sonhou ter. Casaco de animal morto.
Casaco que não comprei. É animal morto.
Pensou em escrever algo? Não desista. Ainda espero suas cartas angustiadas.
Cartas sem simpatia. Cartas que sou proibida de abrir.
Não achas que está frio? Muito frio.
Lareira, chocolate quente, neve.
Prefiro o verão, não dói os ossos.
Acho que estou velha. Velha com rosto de menina. Menina com pensamentos de velha.
Velha conversa desenfreada de uma doce menina no balanço do parque.
Conversa que leva as minhas lembranças do circo. 
Lembra do circo? Os elefantes, os acrobatas, os palhaços. 
Os palhaços me apontaram. Me reconheceram no meio do publico.
Não quero mais ir ao circo.
Vem. A cama está quente. Vem, os sonhos esperam. Vem que está frio.

Sabe aquelas coisas...



Um comentário: