segunda-feira, 23 de março de 2020

Proclamação catastrófica

Em um palanque, certa feita, um filósofo discursava para um público ávido por "conhecimento" rápido. Em suas palavras de reflexão, haviam verbos altruístas e humanistas mas, em meio a perguntas e aplausos, surgiu uma criança, com cerca de nove anos, pedindo a palavra. Um menino com óculos de grau, aparelho nos dentes, tímido, e que parecia sentir-se à vontade, naquele meio intelectualizado. 
Assim, apresentou-se: estudante do terceiro ano primário. Profundamente curioso sobre tudo no mundo: de medicina a astrologia, de história a culinária. 
Após breve apresentação, com alguns risos na platéia, formulou sua pergunta:
- Senhor filósofo,  a tempos o ser humano busca suas respostas nas estrelas. Agora há uma possibilidade de se chegar a Marte. Quem o senhor considera que deveria ser mandado pra aquele planeta?
O filósofo riu, enxugou a testa, as mãos. Observou o menino e, após breve silêncio, sem exitar nem demostrar preocupação, respondeu:
- "Ora menino, os comunistas, é claro!  O planeta é vermelho e o partido deles também." Riu alto.
Foi acompanhado por seus simpatizantes mais próximos.  
Alguns sorriram de lado observando seu redor. Outros refletiram em silêncio. E teve os  que se levantaram indignados. Mas, antes das reações mais fervorosos, o menino continuou.
-  Acredito que o senhor esteja equivocado! - afirmou aquele menino encarando o filósofo renomado por cima de seus óculos fundo de garrafa.
-Por que pela sua lógica, aqueles que pensam o contrário e usam o azul como símbolo, deveriam ir pra Urânio. Os nazistas deveriam ir pra Plutão. Os naturalistas iriam pra qualquer lugar, fora da Via Láctea, onde poderiam expressar suas ideias de natureza sem capitalismo e consumismo. As mulheres, por sua vez, seriam mandadas para Vênus, e assim por diante. 
O menino deu uma pausa, olhou firme para o filósofo e disse
- O senhor deveria pensar mais antes de falar, pois é um formador  de opinião!
Dito isso, o menino saiu da plenária, que neste momento silenciou-se.  
Pegou sua bola e foi pro "campinho". Foi ser criança novamente.


sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Náufrago diante de Dante

Descendo um morro
como avalanche
Caiu em pé no
meio de prédios

Tudo era perfeição.

Tons calmos, nada de álcool
Nem cigarros
Indiscretos e vorazes
vícios

Nada fora do comum

Em meio a cidade
Se percebeu humano
Sentimental, questionador
E humano.

Náufrago

Fugiu da cidade
Do caos
Da tecnologia
Encontrou a "Perfeição"

Uma ilha interna

Não foi feliz
Era diferente
Ninguém o viu
Condenou-se  a Morte

Impossível morrer

No mundo perfeito
Não há escolhas
Nem desejos
Ou possibilidades

Apenas regras

Sorrir,
Seguir os moldes
Encaixar na 'caixa'
Sem discutir

Não adianta fugir

Você é uma ilha
E um náufrago.

TL
Imagem do Google imagens

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Desejos



Como em uma tempestade
desejei-lhe a Morte
facilitaria os cálculos e a geometria

No meio do furacão
desejei-me sumir
simplificaria a poética e a gramatica

Feitiços do Pensamento
corrompendo sentimentos

do herói ao carrasco
apenas um capuz
da Morte à Vida
apenas uma linha

A tempestade abrandou
mas sobraram os estragos
e os entulhos.


Thais Lopes

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Rasgando a alma

imagem do Google


Um rapaz de pouca idade observa as flores brotando em um campo devastado pela guerra
Esse rapaz pega uma rosa vermelha, porem sua cor escorre,
pelas suas mãos firmes e densas
Vermelho quente e nauseante

O rapaz caminha pelas rosas que brotavam intensamente
rasgando vãos na terra arada por corpos cinzas
Rosas que parecem ter olhos esfomeados
em busca de explicação de nascimento prematuro

Aquele rapaz tem o ímpeto de arrancar as rosas
e elas reagem com rancor aos seus dedos
encharcados de sangue e medo
e gritos secos soam por todo campo

O rapaz para
observa suas mãos desgovernadas
pelo horror e pelo ímpeto da moral
Lágrimas brotam de seus olhos

Os olhos eram azuis como o céu
que buscavam respostas belas.
Agora são negros sem brilho
Sem questionamentos nem esperança

Um rapaz observa o campo devastado pela guerra
Segura mãos de corpos caídos em silêncio mortal
entende que o mal não são as armas nem os espinhos
e sim o Ser Humano.

Ser humano que não tem humanidade
de onde não brota compaixão nem amor
odeia a liberdade das libélulas
e cala quaisquer  olhos questionadores

O rapaz desejava se libélula voando por rosas e campos verdes
com uma rosa em sua mão pingando sangue
ele quer armas pra vingar cada corpo caído no campo de guerra
Alistando seu desejo por morte escondido nos olhos cinzas.

Professora?
Por que somos educados para sermos tiranos?

Black out.




terça-feira, 17 de maio de 2016

Deuses - Longe ou perto?

Pico das Agulhas Negras


Tão perto
é só subir,
deus está lá nas nuvens.

Tão longe
paradoxo das pedras.
Hércules escalou?

Os deuses se confronto
inquietando almas
chafurdando na lama egocêntrica.

Longe pode ser perto
depende da luneta
ou das penas.

Perto pode ser longe
pedras desabaram
abrindo a lacuna.

Onde você mora?
Perto e Longe.
Longe, mas logo ali.


TL - 2016



terça-feira, 12 de abril de 2016

Dizia o poeta:



Como dizia o Poeta: "Meus Heróis morreram de overdose"

Super dose irreversível do Capitalismo que os consumiu
diante dos meus olhos.
Dosagem de informações sem filtro nem reflexão,
onde a "História" não passa de folhas amareladas
guardadas dentro de caixões.

Folhas sepultadas, cremadas.
Folhas mergulhadas com pedras como peso
Folhas de lágrimas de mães sem nome nem sobrenome.

Uma overdose de sapiência sem conexão
sabedoria proclamada em alto e bom tom
no julgamento dos que vão contra suas ideias radicais,
ideias radicalmente reacionárias.

Onde foi parar o espirito de luta?
Onde foi parar a vontade de mudanças?
Onde foi parar o desejo de sonhar?
"Embaixo de sete palmos"
"No mar da escuridão da alma"
"Nas palavras de ordem inflexíveis"

O corpo ainda caminha
mas meu herói morreu.
Não sobraram nem as cinzas.
Pois não há calor da velha chama.

Imagens retirada do Google imagens

TL. 12-04



quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Anjo Caído











Por varias primaveras foste referência
como o Sol é a estrela que ilumina o espaço
como a chuva que acalma o calor

Hoje no escuro não há brilho
só as lagrimas que escorrem pelas fendas
e marcas de ventos e correntezas

Não há gotas de chuva
só raios e trovões
mares altas colidindo com as pedras

Procurei me parecer com você
Mas Hoje Não.
E tal qual Édipo
Arranco os olhos para não te ver.
Silencio as palavras que ensinou.


E Boa Sorte!